Carro elétrico no Brasil: entenda como o país está se preparando

Ele chegou silencioso, de mansinho, e hoje já ocupa um nicho significativo no mercado automotivo mundial — ainda que esse avanço esteja um pouco tímido por aqui. Isso porque, embora a tecnologia envolvida não seja nenhuma grande novidade, o carro elétrico no Brasil ainda custa muito caro. Mas vale lembrar que estamos falando de um setor em que as transformações acontecem sempre em ritmo acelerado e, ao que tudo indica, o futuro da eletromobilidade promete!

Basta pescar os exemplos ao redor do globo: os modelos movidos a eletricidade estão ganhando amplo espaço em países como o Japão, EUA e, principalmente, China, onde os modelos elétricos são mais baratos que os convencionais. Na América Latina, o Chile já lidera o ranking dos países com a maior proporção de carros elétricos em circulação, e a tendência é que, nos próximos anos, os números sejam expressivos também nos países vizinhos.

De acordo com relatório da Bloomberg New Energy Finance (BNEF), os elétricos devem passar de 2 milhões para 56 milhões de unidades até 2040, o que constituirá mais da metade da frota de veículos no mundo. Para se ter uma ideia, em 2018, a projeção da BNEF era de que os modelos movidos a eletricidade pudessem representar 55% das vendas dos veículos de passeio. Já neste ano, a estimativa é de que esse número passe para 57% em duas décadas.

E como fica a presença do carro elétrico no Brasil?

A popularização do carro elétrico no Brasil esbarra em questões como o alto valor de mercado desses veículos e, claro, na própria autonomia das baterias — elas ainda não resistem por muito mais de 150 km. Com esse rendimento, não dá pra chegar nem na metade do caminho entre Curitiba e Florianópolis, por exemplo.

Considerando esse dado, não é surpresa que a produção de veículos elétricos por aqui seja restrita ao setor de transporte de cargas e a projetos privados de pequenas empresas, totalizando apenas 0,02% de todos os mais de 43 milhões de veículos circulantes no Brasil. Mas é claro que, seguindo o movimento global, esses números devem crescer nos próximos anos, mesmo que de forma tímida.

De acordo com estudo da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), por exemplo, a estimativa é de que, em 2026, o Brasil ainda consuma apenas 2,5% do total de carros elétricos produzidos no mundo. A questão é que, apesar de não indicar nenhum aumento extremamente expressivo, esse número por si só já representa um salto de aproximadamente 9 mil veículos elétricos para mais de 100 mil unidades em circulação!

E aqui cabe uma observação interessante: enquanto no Brasil os números chegaram a 8.500 veículos elétricos vendidos em 2018, a frota mundial chegou na casa dos 3,2 milhões de automóveis no mesmo período. Destes, cerca de 1,2 milhão foram vendidos apenas na China, que investiu pesado em infraestrutura e em incentivos fiscais voltados exclusivamente à promoção da eletromobilidade.

Isso porque esses veículos tendem a ser mais caros que os modelos comuns, movidos a motores a combustão e, consequentemente contam com taxas e impostos maiores, tornando seus valores de compra muito mais altos do que a maioria dos brasileiros pode pagar. Ou seja: mesmo as montadoras oferecendo um número maior de veículos híbridos, o preço faz com que o consumidor final ainda não esteja muito disposto a investir neles.

carro elétrico no Brasil

Montadoras estão de olho no futuro próximo

É verdade que os números pouco expressivos fazem com que algumas montadoras tenham certo receio em investir no desenvolvimento dessa tecnologia no Brasil. Por outro lado, gigantes do setor como a Volkswagen e a Nissan já se mostraram animadas com as possibilidades de comercializar carros que possuem menores índices poluentes por aqui.

Nem todo mundo sabe, mas por trás desse interesse existe uma contrapartida que nasceu com a implementação do programa “Rota 2030“, que prevê incentivo fiscal para os carros elétricos. Afinal, um dos primeiros investimentos feitos pelo governo federal por meio do programa foi justamente a redução da alíquota do IPI (Imposto sobre Produto Industrializado) para veículos híbridos, que passou de 25% para 7%.

Com essa nova redução, a tendência é que mais montadoras se sintam aptas a investir nessa tecnologia, seja produzindo, seja importando carros elétricos. Nesse contexto, estima-se que nos próximos dois anos empresas como a Volvo, a Chevrolet, a Toyota e a Renault invistam cada vez mais no setor brasileiro, resultando em um crescimento visível do setor, apesar de lento.

E vale lembrar que esse não é um movimento exclusivo das montadoras. A implementação do carro elétrico no Brasil também acontece de forma paralela aos investimentos na infraestrutura de recarga das baterias, como mostrou a parceria firmada entre a empresa portuguesa EDP e a alemã BMW no Brasil no começo de 2019.

Juntas, as duas companhias foram as financiadoras do corredor elétrico entre as duas maiores cidades brasileiras, São Paulo e Rio de Janeiro. Em conjunto, elas investiram R$ 1 milhão em seis equipamentos de recarga na Via Dutra. Logo, é natural que o avanço da indústria automotiva alavanque os outros setores da produção industrial e contribua com diversas áreas por meio do desenvolvimento de novas tecnologias.

Isso porque o desempenho do setor automobilístico afeta diretamente o resto do mercado. Segundo o IBGE, por exemplo, o aumento na produção de veículos em 2017 foi responsável por 49% de toda a expansão industrial do ano no país. Em 2018 não foi diferente e 70% do crescimento da indústria foi representado pelas montadoras.

São números expressivos que, se aproveitados, podem gerar uma expansão econômica para diversas áreas dentro da indústria. Um exemplo de que, enquanto as grandes empresas automotivas pensam e planejam suas estratégias para fazer o carro elétrico “pegar” por aqui, diversos outros setores já antecipam essa transformação e se preparam também para o futuro!

E você, o que pensa sobre as previsões para os veículos elétricos no Brasil? Aproveite o espaço abaixo e deixe um comentário aqui no blog, estamos ansiosos pela sua participação! Ah, e se você ficou com alguma dúvida ou quer dividir suas opiniões com a Riosulense, entre em contato com a nossa equipe!

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