Como calcular o custo de um funcionário para sua oficina ou retífica

Dificilmente o dono de uma mecânica consegue tocar o negócio sozinho, a não ser que seja um prestador de serviço bem pequeno. Na maioria dos casos, é necessário contar com a ajuda de alguns colaboradores. Porém, para não comprometer as finanças, é preciso calcular muito bem o custo de um funcionário para a oficina ou a retífica, pois o valor gasto com ele é parte importante da precificação dos serviços.

Quando falamos em custo de funcionário, não estamos falando somente do salário, mas de todos os encargos trabalhistas, os benefícios obrigatórios e os benefícios acordados na convenção coletiva da categoria. É que dependendo do regime tributário em que está inserida a oficina ou a retífica e dos auxílios concedidos, um funcionário pode custar quase o dobro do salário pago a ele.

Para auxiliar você com todas essas contas, vamos usar o exemplo de um mecânico que recebe uma remuneração de R$ 1,5 mil por mês e mais alguns auxílios. Pegue a calculadora e siga com a gente!

Calculando o custo de um funcionário para a oficina

Vamos começar pelas despesas periódicas anuais: as férias, o ⅓ das férias e o 13º salário. O ideal para esses casos é já fazer uma reserva mensal. Para isso, é só dividir os valores por 12 e guardá-los para a hora de fazer o pagamento. Com base no salário de R$ 1,5 mil, a oficina teria que guardar R$ 125 para o 13º salário (8,33%) mais R$ 166,67 para as férias e o adicional mensalmente (8,33% + 2,78% = 11,11%).

Estes são os principais gastos sociais em uma empresa, embora ainda existam custos adicionais não periódicos para se considerar, como uniformes, afastamentos por licença maternidade ou paternidade (1% do custo) e ausência por doença ou acidente de trabalho, que dificilmente passam de 2% do custo total. São valores importantes que, embora não pareçam muito relevantes isoladamente, somados podem representar mais de 3,5% sobre o valor total de um funcionário. Eles podem ou não ocorrer, mas, na dúvida, é melhor fazer uma reserva.

Há ainda alguns custos adicionais, como o vale-transporte, que é obrigatório, e o vale-alimentação ou refeição, que é negociado na convenção coletiva de cada categoria. Para calcular o valor do vale-transporte, vamos considerar o valor de R$ 4 para a passagem. Como o colaborador precisa de duas por dia, temos um total de R$ 8 diários para 26 dias de trabalho no mês, totalizando R$ 208. Desse valor, a legislação estabelece que o funcionário deve arcar com 6%. Assim, se ele recebe R$ 1,5 mil, R$ 90 são descontados da folha de pagamento, restando R$ 118 para a oficina ou retífica assumir.

No caso do vale-alimentação, a conta é um pouco diferente. Pela Convenção das Leis do Trabalho (CLT), o valor deve ser de até 20% do salário do empregado, pois este é o montante que pode ser descontado integralmente dele. Porém, normalmente, os sindicatos conseguem negociar valores maiores baseado em pesquisas de mercado e no valor da cesta básica. Com isso, a empresa tem que arcar com o excedente dos 20%.

Digamos então que sua oficina concede vale-alimentação de R$ 15 por dia. Para 26 dias, o valor é de R$ 390. Com o desconto de 20%, o empregado arca com R$ 300 e a empresa com 90. No entanto, normalmente, os empregadores não costumam abater o valor desse benefício do salário ou, quando o fazem, é em um percentual bem menor. Para o nosso exemplo, a empresa paga o vale integralmente.

Além do vale-alimentação e do vale-transporte, existem outras obrigações que entram no custo de um funcionário para a oficina ou a retífica, como seguro de vida, plano de saúde e programas de qualificação. Para contabilizar todas elas, o melhor caminho é usar a convenção coletiva da categoria como base.

O custo de um funcionário para a oficina nos diferentes regimes tributários

Depois de saber quais são os custos com as despesas periódicas e com os benefícios obrigatórios e opcionais, vamos aos gastos com a prestação de contas ao governo. Para facilitar o entendimento, vamos mostrar as contas de uma oficina ou retífica optante do Simples Nacional e outra que está registrada como Lucro Real ou Lucro Presumido.

As empresas registradas no Simples, de acordo com a legislação, não pagam encargos referentes ao INSS patronal, salário educação, seguro acidente do trabalho (SAT) e contribuições ao SENAI, SESI, SEBRAE ou Incra. De todo modo, os outros encargos e benefícios devem entrar na conta:

• Férias: 11,11%
• 13º salário: 8,33%
• FGTS: 8%
• FGTS/Provisão de multa para rescisão: 4%
• Previdenciário sobre 13º e férias: 2,33%
Total: 33,77%

Isso significa que 33,77% do dinheiro gasto pela empresa para custear um colaborador não irá para o seu salário. O FGTS, por mais que pertença ao trabalhador, não conta como salário, pois sua retirada só pode ser feita em condições específicas estipuladas pela legislação.

Já para as empresas dos regimes Lucro Real e Lucro Presumido, o mecanismo para o cálculo é o mesmo. Há, porém, o acréscimo da alíquota de terceiros (Incra, SENAI, SESI ou SEBRAE), o INSS patronal e outros encargos não existentes para as pequenas empresas:

• Férias: 11,11%
• 13º salário: 8,33%
• INSS patronal: 20%
• Seguro acidente de trabalho (SAT): 2%
• Salário educação: 2,5%
• Sistema S: 3,3%
• FGTS: 8%
• FGTS/Provisão de multa para rescisão: 4%
• Previdenciário sobre 13º e férias: 7,93%
Total: 67,14%

Calculando o custo final de um funcionário

Então, somando tudo o que indicamos ao longo deste artigo, o custo de um funcionário para a oficina ou a retífica cujo salário é de R$ 1,5 mil mensal fica da seguinte forma, considerando cada um dos regimes tributários:

Referência Simples Nacional (R$) Lucro Real ou Presumido (R$)
Salário 1.500,00 1.500,00
Vale-transporte 118,00 118,00
Vale-refeição 390,00 390,00
Custos adicionais 52,50 52,50
Reserva mensal – 13º salário 125,00 125,00
Reserva mensal – férias 166,67 166,67
FGTS 120,00 120,00
FGTS – reserva para multa rescisória 60,00 60,00
Previdenciário sobre 13º e férias 34,95 118,95
INSS 300,00
SAT 30,00
Salário educação 37,50
Sistema S 49,50
Total 2.567,12 3.068,12

Ficou surpreso com os números? Acredite: um funcionário pode custar mais que o dobro do valor do salário. Por isso a importância de saber o custo de cada um deles. Assim, é possível organizar as finanças e pensar, por exemplo, na redução dos gastos e na necessidade de novas contratações.

No post de hoje, trabalhamos em cima de um exemplo para você ter ideia de como calcular o custo de um funcionário para a oficina ou a retífica, mas ele pode variar conforme a quantidade de benefícios e gastos adicionais. O que não muda de jeito nenhum são os encargos pagos ao governo.

Esperamos que você aproveite bastante essas informações para ter ainda mais sucesso no seu negócio. E caso fique com alguma dúvida ou queira compartilhar sua experiência sobre o assunto com a gente, entre em contato com a nossa equipe, mande um WhatsApp quando quiser ou deixe um comentário no espaço abaixo!

 

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