[ENTREVISTA] Anéis de pistão: tecnologia a serviço do mercado de reposição

Quem nos acompanha aqui no blog sabe que de anéis de pistão a gente entende! Inclusive, já falamos bastante sobre o funcionamento deles e destacamos a importância de cada um dos três anéis na hora de garantir o bom desempenho do veículo. Mas entender do assunto é só uma pequena parte do enorme compromisso que temos com nossos amigos e clientes Experts.

Afinal, ajudar a descomplicar a rotina de quem usa nossos componentes exige muito mais. Temos orgulho de ter autonomia e de sermos referência quando o assunto é o mercado de reposição automotiva. É claro que isso só é possível graças a um time com expertise e conhecimento de sobra — e não poderia ser diferente quando falamos dos anéis de pistão!

É por isso que, neste post, trouxemos uma conversa mais do que especial com o engenheiro e especialista em anéis de pistão, Enio Landell de Moura.

O papel dos anéis de pistão nos motores ciclo Otto

Antes de mais nada, vale ressaltar que os anéis de pistão passaram por diversos aprimoramentos e atualizações com o passar dos anos. Em termos técnicos, isso representou mudanças nos projetos dos anéis. Nesse contexto, Enio nos ajuda a montar uma linha do tempo. Confira:

RIO: Enio, o que motivou e como foi a evolução dos anéis de pistão nos últimos anos?

Enio Landell de Moura: Para atender aos anseios dos motoristas desses veículos em relação a uma maior segurança, autonomia e maiores velocidades, os motores tiveram que fazer a sua parte. Foi necessáRIO melhorar a eficiência da combustão, reduzir o peso e o atrito para que fosse possível aumentar a velocidade do veículo, e foi justamente no ajuste desses três parâmetros que os anéis de pistão tiveram uma participação importante!

RIO: Você mencionou que os anéis influenciaram na eficiência da combustão. Como isso acontece?

Enio Landell de Moura: Principalmente pela melhor eficiência de vedação da câmara de combustão pelos anéis, evitando que os gases da combustão subam para o cárter do motor. Para isso, foram desenvolvidos diferentes perfis de anéis para a primeira e a segunda canaletas: anéis de maior pressão contra o cilindro (com a utilização de anéis em aço) e através da forma e dos materiais dos anéis que resultaram em uma maior conformabilidade às paredes do cilindro. Só que graças ao aumento da eficiência da combustão, as temperaturas do motor também aumentaram. Por isso, foi necessário também que as coberturas dos anéis da primeira canaleta fossem mais resistentes.

RIO: E no caso da redução do peso, como os anéis atuaram?

Enio Landell de Moura: A redução da altura dos anéis e do peso deles resultaram em uma diminuição substancial no tamanho e no peso dos pistões. Até 1970, por exemplo, os anéis de compressão tinham alturas de 3,00 mm, 2,50 mm e, em alguns casos, 2,00 mm. Do ano 2000 em diante, com novos desenvolvimentos em processos e materiais em aço, chegaram a 1,20 mm e 1,00 mm. O problema é que, com essas dimensões, o ferro fundido já não tinha resistência o bastante. Foi assim que o aço entrou na jogada.

RIO: Isso só nos anéis de compressão? Ou os outros anéis também passaram por ajustes assim?

Enio Landell de Moura: Uma situação similar aconteceu com os anéis de óleo. Até 1955, esses anéis eram feitos em ferro fundido, com alturas de até 5,00 mm e com um peso enorme. A partir daí, com o projeto dos anéis de óleo de 3 peças de aço, dois segmentos e um expansor, foi possível fazer uma redução substancial dos pesos. Finalmente, em 1979, a melhoria desse projeto resultou em alturas menores e muito mais aceitáveis para o que se espera de um motor moderno.

RIO: Como os anéis reduziram o atrito para melhorar o desempenho dos motores?

Enio Landell de Moura: Utilizando coberturas com baixo coeficiente do atrito na periferia dos anéis que fazem contato com o cilindro, como o Cromo Cerâmico, Molibdênio por Plasma e, em alguns casos, uma liga chamada PVD. Lembrando que a redução da força dos anéis de óleo contra as paredes dos cilindros também desempenhou um papel muito importante na redução desse atrito.

Preparamos um vídeo especial em que abordamos todos os temas discutidos aqui! Confira:

RIO: Ainda não falamos sobre a poluição ao meio ambiente causado pelos gases resultantes da combustão dos motores. Qual a relação que podemos fazer com os anéis de pistão?

Enio Landell de Moura: Antigamente, os anéis de pistão afetavam indiretamente o controle das emissões através de uma boa vedação da câmara de combustão e o posicionamento do primeiro anel o mais próximo possível da câmara de combustão. A ideia era evitar uma combustão incompleta naquele espaço até a cabeça do pistão. Na década de 1980, esse controle ficou um pouco mais rigoroso, especialmente considerando que todas essas emissões eram acompanhadas de perto pelo governo. É claro que, antes, os valores permitidos eram muito mais elevados do que os aceitos atualmente. Porém, nos últimos 10 anos, os valores permitidos nas emissões totais foram tão reduzidos que a simples queima do óleo lubrificante que passa pelos anéis para a câmara de combustão passou a representar quase 10% das emissões de poluentes desses motores. Em outras palavras, aquele índice dos anéis de pistão, antes irrisório, foi ficando mais e mais significativo, obrigando a indústria a desenvolver anéis com um grande poder de raspagem para reduzir o consumo e a queima de óleo. Assim, nasceram os anéis com arestas vivas, anéis de alta conformabilidade e anéis com tolerâncias menores. Lembrando, é claro, que todas essas melhorias no produto só foram possíveis graças ao aperfeiçoamento constante de processos e equipamentos de produção.

Tecnologia RIO é referência no mercado de reposição

Enio também foi um dos grandes responsáveis por trazer para a RIO uma série de novas tecnologias e equipamentos que nos colocam em um patamar de responsabilidade e credibilidade quando o assunto é a verificação dos padrões de funcionalidade e do diagnóstico de falhas de anéis de pistão. É um passo importante para garantir que o mercado de reposição possa contar sempre com peças de qualidade e com um ponto de referência para diagnosticar a origem de possíveis falhas em anéis de pistão.

RIO: Pensando no mercado de reposição automotiva, que tipo de ações a RIO coloca em prática para garantir a qualidade das peças?

Enio Landell de Moura: A fabricação de anéis de pistão exige máquinas especializadas, exclusivas e de alta produtividade. São necessárias, em média, 20 operações, o que torna os anéis muito vulneráveis a defeitos de fabricação ou manuseio. Por isso, o controle da qualidade de anéis é muito peculiar, exigindo uma nova inspeção a cada operação. Os instrumentos de controle de anéis são bastante específicos, por isso são poucos laboratórios em todo Brasil que possuem a capacidade de fazer um controle tão preciso. Nesse contexto, é seguro dizer que a RIO montou um laboratório de metrologia para anéis do mais alto nível, podendo ser comparado aos melhores laboratórios disponíveis no país, tudo para garantir a qualidade e confiabilidade dos anéis de pistão que saem daqui.

RIO: E quanto aos materiais utilizados nos anéis, como é garantida sua qualidade?

Enio Landell de Moura: As matérias-primas dos anéis são o ferro fundido cinzento, ferro fundido nodular e os aços fornecidos em tiras enroladas em bobinas. Os ferros fundidos de anéis têm peculiaridades e suas especificações são exclusivas para anéis de pistão. A RIO é uma empresa metalúrgica e, por isso, tem um laboratório metalúrgico de alta qualidade para controle de materiais em suas composições químicas e propriedades estruturais que permite uma avaliação precisa dos materiais dos anéis.

E então, gostou dessa entrevista com quem é autoridade no assunto? Ficou com alguma dúvida? Deixe um comentário no espaço abaixo e compartilhe sua opinião com a gente! Ah, aproveite ainda para acessar nosso site e conhecer em detalhes os anéis de pistão da RIO!

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